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VÍDEO: voluntário premia crianças que mais leram em escolas da Região Central

Foto: Pedro Piegas (Diário)
Gilberto Brandt com os estudantes da Escola Estadual Walter Jobim Nicoly Dias e Davi Dalbão. Por meio do incentivo dele, os alunos passaram a ler mais

O sorriso toma conta dos rostos Arquivo Pessoal de Davi Medina Dalbão, 6 anos, e Nicoly Dias da Luz, 11, quando eles veem o vigilante Gilberto Brandt, 59, com um livro em uma mão e duas caixas de bombom na outra. Há oito anos, o voluntário se acostumou em receber o carinho das crianças de cinco municípios da região central do Rio Grande do Sul. Entretanto, a intenção de Gilberto vai além de apenas dar presentes para os pequenos. Os brindes foram apenas uma maneira que ele encontrou de incentivar a leitura.

Em 2011, o santa-cruzense resolveu utilizar as horas de folga do trabalho para se dedicar à educação de alunos de uma escola municipal de Pinhal Grande. Gilberto é apaixonado pela literatura desde a infância e passou, então, a transmitir este amor pelas palavras a jovens estudantes.

Com o próprio carro, ele fazia visitas à escola uma vez por mês. Na primeira delas, o voluntário entrava nas salas de aula, com a permissão da direção e dos professores, e falava sobre a importância da leitura. As estratégias discursivas variavam conforme o ano escolar ao qual Gilberto se dirigia. Para os anos iniciais, ele usava um macacão com letras coloridas e comentava sobre a formação das palavras. Já para os anos finais dos ensinos Fundamental e Médio, o entusiasta afirmava que não basta apenas ler. É necessário entender o que se está lendo e, então, retirar do texto mensagens construtivas.

Um mês após o primeiro contato com os alunos, Gilberto voltava à escola para premiar aqueles que mais retiraram livros na biblioteca. O levantamento era feito pela bibliotecária e pelas professoras. O modelo se tornou um sucesso e foi levado para colégios de outros municípios, entre eles Nova Palma, Faxinal do Soturno, São João do Polêsine e Júlio de Castilhos.

- Para falar aos alunos da pré- -escola, uso um macacão enfeitado com letras. Assim que ganho a atenção deles, explico que, por exemplo, "f" é de família, "a" é de amor. É mais lúdico. Com os alunos mais velhos, enfatizo a atenção que se deve ter ao ler, além do combate ao bullying e ao preconceito - explica Gilberto.

Veja o momento em que o voluntário entrega a premiação para os alunos da escola Walter Jobim

SONHADOR
Após morar em diversas cidades da região central do Estado, o voluntário fixou residência em Santa Maria. Hoje, ele aplica o projeto de incentivo à leitura em Faxinal do Soturno, na escola Dom Antônio Reis, e em São João do Polêsine, na Escola Estadual João 23, além da Cidade Cultura. Por enquanto, ele mantém as atividades somente nestes três municípios por questões financeiras. Convicto de que a semente de amor aos livros tem sido plantada, Gilberto persiste na missão:

- Na escola de Júlio de Castilhos, as professoras se comprometeram em trabalhar com o mesmo sistema que utilizo. Pretendo retornar a essas escolas para ampliar minha área de atuação.

No Coração do Rio Grande, Gilberto vai, há dois anos, mensalmente, na Escola Estadual Walter Jobim, no Bairro Itararé, instituição em que estudam Davi e Nicoly. A diretora da escola, Priscila Guedes, diz que os alunos ficam eufóricos para saber quem será o premiado do mês:

- Reunimos os alunos no corredor e fizemos um sorteio entre aqueles que mais pegaram livros na biblioteca. Esse controle de retiradas é feito pela bibliotecária. É muito legal ver a expectativa deles.

O prêmio que o voluntário leva para os alunos varia. Às vezes, o incentivo é uma caixa de bombom. Em outras ocasiões, ele leva um troféu de madeira. A premiação sempre é acompanhada de um livro, que Gilberto compra ou ganha de entidades de diversas áreas, a exemplo de iniciativas culturais de bancos ou livrarias.

- Eu tenho um filme, no qual gravei três cenas que descrevem os efeitos da leitura em nossa vida. Na primeira, a personagem lê um jornal. Na segunda, ela está no meio dos livros em uma biblioteca. E há, ainda, uma terceira parte, em que a pessoa lê rótulos de produtos em um supermercado. Para que o projeto fique melhor, estou em busca de um projetor para passar esse filme nas escolas - comenta.

O vigilante pretende alcançar outras áreas, além da educacional. Gilberto planeja, nos próximos meses, criar iniciativas diferentes, entre elas, reunir pais de estudantes para uma palestra que incentive a doação de sangue.

- Quero contribuir com a criação de um novo momento social. Meu sonho é ajudar a formar novos pensamentos a partir do trabalho com estudantes. A leitura é o principal caminho para transformarmos a realidade que nos cerca. A família deve incentivar os pequenos a lerem. Quero falar da doação de sangue porque essa é outra forma de nos tornarmos cidadãos melhores - afirma.

*Colaborou Rafael Favero

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